domingo, 12 de junho de 2011

Turismo é prioridade para Território de Identidade de Itaparica no PPA

Turismo Domingo , 12 de Junho de 2011
Elói Corrêa

Para garantir que o orçamento estadual do período 2012-1015 atenda às necessidades de cada um dos seis municípios do Território de Identidade de Itaparica, representantes da sociedade civil, do Governo do Estado e dos poderes Legislativo e Executivo municipais passaram reunidos ontem (19), no Colégio Modelo Luís Eduardo Magalhães, em Paulo Afonso, na Plenária do Plano Plurianual (PPA) Participativo.

A região com natureza exuberante, cortada pelo Rio São Francisco, destacou as solicitações para fortalecimento do turismo. O chefe de gabinete da Secretaria do Turismo do Estado da Bahia (Setur), João Carlos Oliveira, disse que “o PPA Participativo é importante para o turismo. Estamos aqui com as lideranças que conhecem a realidade da região para discutir e propor políticas públicas”.

Segundo Oliveira, o território possui ecossistema fantástico por causa do São Francisco, vegetação rica e faz parte também da história do Cangaço. “Isso tudo tem potencial para ser um grande roteiro turístico e desperta o interesse da região, do estado e até de gente de fora do País. É o momento agora de se discutir estrutura de hotéis e estradas”. Para ele, outras solicitações das lideranças políticas foram voos comerciais e a construção e recuperação de rodovias. “A sociedade está sintonizada nas reivindicações e, dentro do possível, nós vamos atender estas demandas para construir o roteiro turístico com a participação da sociedade”.

Demandas populares

Francisco de Assis compareceu à plenária do PPA Participativo em nome da etnia indígena Tuxá e de melhorias para 1,4 mil pessoas, que vivem nas reservas do município de Rodela e adjacências. Segundo ele, as tribos regionais estão precisando do acesso à terra, à água e à energia para produção. “Tudo isso vai nos dar garantia de segurança alimentar e nutricional. O PPA é importante porque se não lançarmos nossa proposta agora, futuramente não poderemos cobrar que o governo não atendeu as nossas solicitações”.

Representante do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Paulo Afonso, Edésio de Souza participou do grupo que discutiu agropecuária. “Na área agrícola, precisamos de acompanhamento técnico. Na questão agrária, precisamos da legalização de terras para que os pequenos produtores possam fazer investimentos. E na pecuária, a gente precisa de abatedouros, curtumes e pequenas fábricas”.

A assistente social Cecilma Feitosa representou uma organização não governamental (ONG) da área de inclusão social. Durante o encontro, sua proposta foi incluída no documento que orientará o orçamento. “Precisamos de mais recursos destinados a medidas sócioeducativas para adolescentes”. De acordo com ela, a medida sócioeducativa em meio aberto faz com que “o adolescente seja trabalhado na sua comunidade, respeitando a sua região, a sua dignidade, sem que se afaste da família”.

O secretário do Desenvolvimento e Integração Regional, Wilson Brito, gostou da participação popular no Território de Identidade de Itaparica. “Verificamos a presença maciça da região, conversei com vários representantes de cooperativas, associações, dos poderes legislativos municipais e prefeitos”.

Segundo ele, o PPA Participativo é fundamental à pasta que administra. “Para a integração e o desenvolvimento das diversas regiões do estado, o compromisso do governo estadual é investir onde haja Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) baixo. E nas plenárias identificamos quais são as áreas prioritárias para o planejamento”.


Como participar
A consulta pública do PPA Participativo teve início no dia 5 de abril, em Feira de Santana, e continuará até 27 de maio contemplando todos os 26 Territórios de Identidade da Bahia. Além da participação presencial nas reuniões, qualquer pessoa também pode apresentar sugestão pela internet no site do PPA, pelo telefone da Ouvidoria (0800-284-0011), ou pelos Serviços de Atendimento ao Consumidor (SACs) ou Centros Digitais de Cidadania (CDCs) em todo o estado

segunda-feira, 6 de junho de 2011

QUEM GANHA E QUEM PERDE COM A RUÍNA DO PELOURINHO?

José QUEIROZ é guia e pesquisador de turismo, administra o blog turismoreceptivo.wordpress.com

No livro A Manipulação do Público, escrito em conjunto por Noam Chomsky – um dos principais intelectuais da atualidade, norte americano, 84 anos - e Edward S. Herman, em 2003, os autores apontam as principais estratégias de controle da opinião pública pelas elites, e uma delas consiste em deixar uma situação chegar ao extremo para que um político, ou um partido, apareça como salvador, como herói. Será este o caso do Pelourinho, principal atrativo de Salvador, Patrimônio da Humanidade, e um dos principais símbolos que atraem turistas para o Brasil? O Pelourinho foi mundialmente divulgado por Jorge Amado, atraiu o turismo, trabalho, renda, impostos, e por isto, e pela proximidade do centenário de nascimento do escritor, em 2012, merece mais respeito. Mas terá que esperar a próxima eleição?

Na transição da economia do Estado monárquico absolutista para o Estado capitalista, houve alianças com a intenção de proteger os interesses de todos os lados, o que é compreensível e comum até hoje, assim como houve, ao longo do tempo, resistência e criação de mecanismos para evitar os abusos contra a sociedade, apesar das limitações de informação e comunicação. Hoje, por mais simples que seja o cidadão, ele sabe que o país não está bem, apenas o político brasileiro acredita em suas palavras e números. Na prática continuamos sem escola, saúde, com a segurança agravada pelos maus exemplos dos políticos, e cada vez mais sem trabalho, graças a esta variante perversa do liberalismo econômico.

O Pelourinho foi irresponsavelmente sacrificado por este jogo político herdeiro da mentalidade colonialista, segundo a qual cada um cuida do que é seu e ninguém cuida do coletivo, e pela forma desequilibrada como se faz turismo no Brasil. A falta de fiscalização, manutenção e segurança permitiram a invasão dos casarões abandonados, nos últimos cinco anos, por gente de todo tipo, afastando os baianos e os turistas que tinham voltado a freqüentar o lugar na década de 90 – e isto não se apagará da memória das pessoas! – comprometendo irremediavelmente alguns edifícios, e gravemente a economia e o turismo do município. Dessa vez todos concordam que a culpa “foi do governo anterior”, o mesmo que está aí, no Estado e na Prefeitura.

O governante é eleito para gerenciar os interesses do povo, não para reparti-lo entre si, tem que gastar com as prioridades, é lei, não onde quer e com quem quer. Nos últimos cinco anos o Ministério do Turismo, Governo da Bahia, Secretaria de Turismo e BNDES investiram em vários lugares no estado da Bahia – agora mesmo estão investindo num mega empreendimento espanhol em Baixios, Esplanada, Linha Verde, há 150 km do Centro de Salvador – mais não investiram nada no Pelourinho, que é prioridade porque é o que atrai turistas para toda a região, e para o Brasil! Seguramente o baiano não tem nada contra os investimentos, pelo contrário, que venham todos, é sinal de desenvolvimento sim, principalmente se forem feitos pelos grupos brasileiros, para que o dinheiro fique aqui, e não seja expatriado. Mas que o dinheiro seja do investidor, e não do povo!

Isto acontece por vários motivos. No caso do Pelourinho, porque não há interlocutor da Prefeitura do município nem do Governo do estado, já que a Saltur, órgão oficial de Salvador, não cuida dos interesses do lugar, e a Superintendente de Serviços Turísticos da Secretaria de Turismo da Bahia, Cássia Magalhães, não atende às necessidades do Centro Histórico, além de Salvador e outros municípios não possuírem secretaria de turismo, que seria a representação do turismo receptivo e dos atrativos, que ainda está atrelado à ABAV, que cuida de exportativo, não de receptivo. E ainda porque o turismo receptivo do Brasil não é profissionalizado, não tem instituições de classe e vive à margem da indústria turística do país, não é consultado, não opina.

111 casarões estão ameaçados, 29 dos quais em situação de alto risco! 170 lojas já fecharam no Pelourinho e oito ruas são desaconselhadas pela Polícia. A população indigente é numerosa, mendigos, viciados, traficantes e ladrões que assustam, constrangem e repugnam, afastando os freqüentadores baianos e turistas, deixando uma péssima imagem da cidade, do povo e do Brasil, afinal, o Pelourinho é um centro turístico internacional, e a situação atual complica a imagem do turismo do país. Além disso, o assédio de vendedores ambulantes invade a privacidade das pessoas, constituindo outro problema de segurança nas ruas do Centro Histórico. A degradação física e social é grave, e necessita de esforços de toda a sociedade baiana e brasileira para recuperá-lo, já que os governos da cidade e do estado não conseguem.

Ninguém quer ir ao Pelourinho! Os números não correspondem a realidade do turismo de Salvador que não está mais nem entre os cinco principais destinos do país, pois o turista foi levado para outros lados, ou deixou de ir por falta de segurança e privacidade, e comprometeu seriamente a cadeia do turismo. Negócios pararam e pessoas estão desempregadas ou endividadas, depois de 20, 30, 40 anos dedicados ao turismo. Além disso, o baiano que poderia usufruir, investir e incrementar a economia do lugar, não o faz. Pelo mesmo motivo do turista, principalmente acesso, estacionamento, limpeza, iluminação e segurança. A juventude de Salvador não pode curtir o Pelourinho, apesar da cidade está carente de opções noturnas.

Dia 10 de junho! Dia da Audiência Pública, dia do Basta! A Acopelô – Associação dos Comerciantes do Pelourinho - vai dar o primeiro passo para exigir responsabilidade de governantes e da indústria do turismo, o que não é suficiente, pois vai ser elaborado um Requerimento de Ações, de comum acordo com os demais setores, e que será cobrado. O Brasil que vai sediar a Copa e a Olimpíada precisa discutir o turismo interno, pois o Pelourinho é apenas a primeira vítima desse modelo que visa o lucro, o que é legítimo, mas que não pode ser à custa do sacrifício da sociedade.

É preciso ter profissionais e instituições fortes cuidando do turismo interno e o país ignora absurdamente os turismólogos, as pessoas efetivamente preparadas para conectar os interesses, administrar, fiscalizar, dar qualidade e garantir a satisfação e o retorno dos turistas, assim como mais lucro para os próprios investidores, e desdenha os guias de turismo ao não aprovar o conselho da categoria, enquanto improvisa pessoas que não terão condições de dar um bom atendimento nos eventos, nem serão capazes de sustentar o turismo do Brasil. BASTA!

O PELOURINHO PRECISA URGENTEMENTE:

- REPRESENTAÇÃO POLÍTICA, Salvador precisa de uma secretaria de turismo urgente, ocupada por técnico, e extinção da Saltur;

- ISOLAMENTO DOS CASARÕES e vigilância para que não entre mais ninguém, do 2 de Julho ao Pilar, do Santo Antonio à Saúde, Baixa dos Sapateiros e Independência;

- DAR ASSISTÊNCIA A QUEM NECESSITA, como manda a Constituição, retirar menores, mendigos, doentes, loucos e dependentes químicos das ruas;

- LOCAL PARA OS VENDEDORES DE COLARES, pois alguns assediam, incomodam, tiram a tranqüilidade, imploram alegando fome e outras necessidades, constrangendo profundamente as pessoas. É uma autêntica tortura! E alguns agridem verbalmente quem não compra. É muito fácil comprovar, basta acompanhar, gravar e filmar;

- DAR INCENTIVO para escolas de música, dança, artes em geral e faculdades de turismo e letras se instalarem no Centro Histórico, para dar movimentação ao lugar;

- E O QUE TODOS SABEM, limpeza, iluminação, sinalização, facilidade de acesso, estacionamento, principalmente ônibus para o baiano freqüentar o lugar e dar originalidade, SEGURANÇA e, sobretudo, ATITUDE, RESPEITO E SERIEDADE.