terça-feira, 27 de setembro de 2011

V SEMANA DO TURISMO EM BRASILIA

Dia Mundial do Turismo e Dia Nacional do Bacharel em Turismo
Participe você também!


MTur suspende repasses para qualificação profissional


O Ministério do Turismo (MTur) publicou hoje (26) a Portaria 180, que suspende temporariamente a execução e o repasse de recursos de todos os convênios celebrados com entidades privadas sem fins lucrativos, destinados à qualificação dos profissionais do setor do turismo, em especial aqueles firmados no âmbito do programa Bem Receber Copa.
A portaria determina que a Secretaria Nacional de Programas de Desenvolvimento do Turismo e a Secretaria Nacional de Políticas de Turismo do MTur façam o levantamento dos convênios que estão em execução e notifiquem as entidades convenentes acerca das medidas adotadas. As contas específicas dos respectivos convênios serão bloqueadas.
A medida foi tomada de acordo com recomendações repassadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) ao Ministério do Turismo. “Vamos estreitar os laços com todos os órgãos de controle interno e externo para garantir a fiscalização sobre as ações do ministério. Estamos montando um novo plano de trabalho para melhorar o programa de qualificação da nossa pasta”, afirmou o ministro Gastão Vieira.
Confirma aqui publicação da Portaria 180 no diário oficial

Pedimos o apoio na divulgação deste boletim



quarta-feira, 31 de agosto de 2011

31/08/2011 - 17h26
Procurador denuncia cúpula do Turismo por envolvimento em desvios
SILVIO NAVARRO - DE SÃO PAULO / FELIPE LUCHETE - DE BELÉM

O procurador da República no Amapá Celso Leal apresentou quatro denúncias contra 21 envolvidos em desvios do Ministério do Turismo.

Entre os denunciados estão ex-integrantes da cúpula da pasta, como Frederico da Silva Costa, secretário-executivo, e Colbert Martins, secretário de Programas de Desenvolvimento de Turismo, que deixaram os cargos após serem presos. A denúncia também inclui o ex-secretário-executivo Mário Moysés, que exerceu o cargo até 2010 e a servidora Kérima Silva Carvalho, que também já deixou a pasta.

Também foram denunciados Antonio dos Santos Jr., Wladimir Furtado, Fabio de Mello, José Carlos Silva Jr., Humberto Silva Gomes, Dalmo Queiroz, Hugo Leonardo Silva Gomes, Gláucia de Fátima Matos, Luciano Paixão Costa, Francisca Cavalcante, Freda Azevedo Dias, Katia Terezinha da Silva, Luiz Gustavo Machado, Maria Helena Necchi, Sandro Elias Saad, Jorge Kengo Fukuda e Katiana Necchi Vaz Pupo.

A peça foi apresentada ontem e distribuída hoje ao juiz federal Mauro Henrique Vieira, da 1ª Vara Federal do Amapá.

As acusações são de formação de quadrilha, falsidade ideológica, peculato (desvio praticado por servidor) e uso de falsificação de documentos. Entre os denunciados estão servidores públicos e empresários.
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11/08/2011 - 20h28
Entenda o esquema investigado no Ministério do Turismo
MARIA CLARA CABRAL /DIMMI AMORA / FELIPE COUTINHO - DE BRASÍLIA

Operação Voucher, deflagrada no último dia 9 pela Polícia Federal, investiga um suposto esquema de desvios relacionados a convênio firmado entre a ONG Ibrasi (Instituto Brasileiro de Desenvolvimento de Infraestrutura Sustentável) e o Ministério do Turismo para capacitação profissional no Amapá.
Ao todo, 36 pessoas foram presas na operação em Brasília, São Paulo e no Amapá, incluindo o atual secretário-executivo do ministério, Frederico Silva da Costa, que está na pasta desde 2003.
As investigações, que começaram em abril deste ano, apontam que os R$ 4 milhões do Ministério do Turismo que deveriam treinar pessoas no Amapá foram desviados por meio de todo o tipo de fraude, incluindo ONG de fachada, notas fiscais falsas e a conivência de funcionários públicos.
Os problemas começam desde a escolha da instituição, feita pela deputada federal Fátima Pelaes (PMDB-AP) por meio de emenda parlamentar. A entidade, apesar de criada em 2006, não funcionou até junho de 2009, quando uma reunião de conselheiros mudou o nome e a finalidade da entidade para trabalhar com turismo.

Mesmo sem experiência no setor, a PF afirma que o Ibrasi apresentou atestados falsos de que trabalhou para instituições públicas e, assim, conseguiu o aval do ministério para receber os recursos da emenda.
Segundo a polícia, o plano de trabalho para gastar o dinheiro contém situações que seriam absurdas, como a previsão de treinar 6.900 pessoas no Amapá. Destas, 5.000 por vídeo conferência.
As informações, classificadas como "manifestamente falsas" pela Justiça, foram acatadas por funcionários públicos para aceitar os convênios e liberar os pagamentos, alguns antes da comprovação do serviço.

NOTAS FALSAS
Muitas das notas fiscais apresentadas pela ONG eram falsas, segundo uma perícia feita pela PF. A polícia chegou a conclusão que notas de empresas diferentes, situadas em Estados diferentes, eram preenchidas pela mesma pessoa. Nas gravações telefônicas feitas com autorização judicial, os funcionários do Ibrasi diziam quais valores seus clientes deveriam incluir na nota.
A fraude acontecia porque os clientes eram os próprios donos da ONG. O diretor financeiro da instituição, Sandro Saad, teve uma de suas empresas, a Manhattan, contratada por R$ 1,2 milhão pelo Ibrasi com o dinheiro público.
Para ser contratada, a empresa participou de uma suposta concorrência contra a MPG, empresa que tem como sócio o mesmo Sandro Saad.
Segundo a PF, todas as supostas concorrências do Ibrasi foram forjadas, usando as chamadas "empresas de cobertura". Desta forma, a concorrência já estava direcionada e outras empresas entravam com preços maiores para dar cobertura à vitória da escolhida. Mas, neste caso, a combinação deu errado.
Uma das companhias usadas não foi avisada da cobertura e, quando a Polícia Federal foi investigar, em abril, o dono ligou para um dos operadores do esquema e falou: "Tá (sic) cinco policiais [na empresa dele], não mandei você usar porra (sic) nenhuma da minha empresa".

"AJUDA" DO NÚMERO 2
A cobertura para o esquema fraudulento também acontecia dentro do ministério, conforme aponta a PF. Em conversas telefônicas, uma funcionária do ministério diz que foi designada pelo secretário-executivo para ir até o escritório de um dos empresários para ajeitar a prestação de contas.


Frederico Costa, ex-secretário-executivo do Ministério do Turismo, chega a Brasília algemado após ser preso
Frederico Costa, ex-secretário-executivo do Ministério do Turismo, chega a Brasília algemado após ser preso
As investigações também mostram uma gravação que indica que o secretário-executivo da pasta sabia do esquema. Após uma reunião, relata a funcionária, a secretaria de Treinamento da pasta, Regina Cavalcante, saiu da sala dizendo que Costa"sabia de tudo, tudo que a gente fazia era por ordem dele".
Número dois na hierarquia do ministério, Costa está na pasta desde 2003. Em 2011, quando Pedro Novais (PMDB-MA) foi nomeado ministro, Costa foi alçado ao cargo de secretário-executivo, apadrinhado pelo líder do partido, Henrique Eduardo Alves (RN).
Desde abril, funcionários de empresas já sabiam que estavam sendo monitorados. Em um dos diálogo, um empresário diz que "estão fechando o cerco" e, segundo a PF, havia vários indícios de que estavam destruindo provas.

OUTRO LADO
Em nota divulgada no dia da operação, a deputada Fátima Pelaes afirmou que não é "responsável pela liberação, pagamento, execução e fiscalização do convênio entre o órgão público e a entidade, para implementação do objeto da referida emenda, cabendo estas ações aos órgãos responsáveis". Advogados de Costa também afirmam que ele não participou de esquema ilícito.
O advogado do Ibrasi nega que a entidade tenha criado uma organização criminosa para desviar recursos da pasta. A Folha não conseguiu contatos com o advogado de Sandro Saad.



terça-feira, 9 de agosto de 2011

ESSE É O PRESENTE E O FUTURO NO TURISMO NO BRASIL!

PF prende número 2 do Ministério do Turismo e mais 37 por corrupção
Operação Voucher investiga desvios de dinheiro público em convênios da pasta no Amapá; entre os presos está o ex-secretário-executivo Mário Moyses, ligado ao PT

Priscila Trindade, do estadão.com.br, e Vannildo Mendes e Marta Salomon, de O Estado de S. Paulo

A Polícia Federal prendeu o número 2 do Ministério do Turismo, o secretário-executivo, Frederico Silva da Costa, nesta terça-feira, 9, e mais 37 pessoas envolvidas em um suposto esquema de desvios de dinheiro público. A Operação Voucher investiga fraudes em convênios da pasta feitos no Amapá.
Foram presos também o secretário de Programas de Desenvolvimento do Turismo, o ex-deputado federal baiano Colbert Martins (PMDB), e o ex-secretário-executivo da pasta, Mário Moyses, que dirigiu a Embratur até junho deste ano. Moysés é ligado à petista e senadora Marta Suplicy. Trabalhou com ela na Prefeitura de São Paulo e foi seu chefe de gabinete no mesmo ministério. Entre os presos estão ainda diretores e funcionários do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento de Infraestrutura Sustentável (Ibrasi), com o qual o ministério teria feito convênio irregularmente.
Cerca de 200 policiais federais, divididos em São Paulo, Brasília e Macapá, cumpriram 19 mandados de prisão preventiva, 19 mandados de prisão temporária e 7 mandados de busca e apreensão. Em Brasília, foram cumpridos dois mandados de busca e apreensão, 10 mandados de prisão preventiva e cinco mandados de prisão temporária. Os presos preventivamente em São Paulo e Brasília foram transferidos para Macapá (AP).
De acordo com a PF, a operação, realizada conjuntamente com Ministério Público Federal e a Secretaria de Controle Externo no Amapá, começou a partir de investigações realizadas pela Delegacia de Repressão a Crimes Fazendários no Amapá, que descobriu indícios de desvios de recursos públicos.
Suspeitas. Em nota, a Polícia Federal destacou as irregularidades em convênio do ministério firmado em 2009 com o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento de Infraestrutura Sustentável (Ibrasi) para capacitação profissional no Amapá. Segundo o texto, não houve abertura para que outras empresas se candidatassem a oferecer o serviço e o Ibrasi não tinha condições técnicas e operacionais para prestar a capacitação. A investigação teria identificado fraude na documentação apresentada e falta de fiscalização do convênio pelo ministério.
O Ministério do Turismo, comandado por Pedro Novais (PMDB), ainda não se pronunciou sobre a operação.

Emenda de deputada do PMDB favoreceu contrato do Turismo investigado pela PF
Documentos assinados por Fátima Pelaes (AP), que somam R$ 9 milhões, mostram relação da pasta com instituto alvo de operação da Polícia Federal; 38 foram presos nesta terça-feira

BRASÍLIA - A deputada Fátima Pelaes (PMDB-AP) foi a autora de duas emendas - uma de R$ 4 milhões e outra de R$ 5 milhões - que favoreceram o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento de Infraestrutura Sustentável (Ibrasi) nos contratos com o Ministério do Turismo para capacitação profissional no Amapá. Operação da Polícia Federal nesta terça-feira, 9, prendeu 38 pessoas, incluindo dirigentes da entidade e funcionários do ministérios vinculados ao convênio entre o Turismo e o Ibrasi. Todos os contratos estão em vigência.
Segundo documentos obtidos pelo Estado, a deputada Fátima Pelaes enviou, no dia 12 de novembro de 2009, um ofício ao então ministro do Turismo, Luiz Eduardo Pereira Barreto Filho, em que indicou uma emenda parlamentar dela no valor de R$ 4 milhões para o Ibrasi (abaixo). No mês seguinte, no dia 21 de dezembro daquele ano, o Ministério do Turismo assinou o convênio no valor de R$ 4,4 milhões com a entidade, sendo R$ 4 milhões dos cofres do governo (fruto da emenda da deputada) e o restante como contrapartida do Ibrasi. O ofício da deputada está no processo do convênio. O contrato foi assinado por Mário Augusto Lopes Moysés, então secretário-executivo do ministério. Ele é um dos presos na operação da Polícia Federal desta terça-feira.


No dia 30 de junho do ano passado, um novo ofício da deputada Fátima Pelaes solicitou a destinação de uma outra emenda dela, agora de R$ 5 milhões, para o Ibrasi. Meses depois, no dia 15 de setembro, o ministério assinou convênio no mesmo valor com a entidade para “Implantação de processos participativos para Fortalecimento da Cadeia Produtiva de Turismo do Estado do Amapá”. Este contrato foi assinado por Frederico Silva da Costa, atual secretário-executivo do ministério e que também foi preso pela Polícia Federal. Na época, ele era Secretário Nacional de Programas de Desenvolvimento do Turismo.
Um terceiro contrato foi assinado pelo Ministério do Turismo no valor de R$ 6,9 milhões com o Ibrasi em 2009 para “Desenvolver metodologia para realização de pesquisas e promover a sua aplicação no que tange ao estudo e diagnóstico nos terminais portuários dos passageiros no litoral brasileiro”. Neste convênio, a príncípio, não aparece emenda parlamentar. O Estado procurou a assessoria da deputada Fátima Pelaes, mas não houve retorno até o momento.

domingo, 7 de agosto de 2011

SECRETARIA DE TURISMO DA BAHIA PREJUDICA SALVADOR

Por José QUEIROZ,

Por incrível que pareça, Salvador, formalmente, não tem uma indústria turística! A segunda mais importante atividade econômica da atualidade, responsável pela geração de milhões de empregos, impostos, e bem estar social, não é administrada pelo município - que tem os atrativos! - mas que são explorados pela Saltur e pela Bahiatursa, que são, literalmente, empresas, de capital misto, do governo e da iniciativa privada, e que obviamente tem interesses e privilégios que não alcançam a população. Isto com a conivência da prefeitura e a proteção da Secretaria de Turismo do Estado, Setur, que acusa governos passados de gestão autoritária, mas não mudou o modelo que rende bilhões ao estado e a seus parceiros, e pior, arruinou o turismo da cidade nos últimos cinco anos.

Os primeiros estudos para a viabilidade do turismo em Salvador começaram na década de 50, a Bahiatursa foi criada em 1968, e em 1970 já havia um Plano de Turismo do Recôncavo, que não saiu do papel, obviamente, e que foi reeditado em 1974, com o nome de Projeto Baía de Todos os Santos, que tampouco foi concretizado. Inicialmente a Bahiatursa esteve responsável pela hotelaria, depois por toda a atividade, que ganhou expressividade com a lei do tombamento em 1972, que transformou o Pelourinho num fabuloso atrativo para captação de recursos e turismo para o município, que não o administra. O Centro Histórico foi tombado formalmente em 1985, a Emtursa (atual Saltur) foi fundada em 1986, em 1992 começou a primeira grande reforma, e em 1995 foi criada a Secretaria de Cultura e Turismo, separadas em 2007, quando foi criada a Setur.

Na última reunião entre órgãos dos governos municipal e estadual e a comunidade do Pelourinho, dia 04/08, a representante da Setur, Cássia Magalhães, ainda usava o discurso que culpa gestões passadas pela degradação física e social do Pelourinho, que está a cinco anos administrado pelo governo atual, que o utiliza para captar recursos, mas culpa outros órgãos por este estado de coisas, principalmente da incompetente, entreguista e vergonhosa prefeitura de Salvador. O último recurso, R$ 80 milhões, foi captado em junho, em nome da Baía de Todos os Santos, e segundo o secretário Domingos Leonelli, será utilizado no Pelourinho também. O Recôncavo Baiano tem sido vítima desse modelo, a exemplo dos projetos de 1970 e 1974, lamentavelmente, porque a região é uma das mais importantes, histórica e culturalmente, da América Latina, mas a falta de instituições e profissionais competentes a mantém como uma das mais atrasadas do continente.

A instituição que administra o turismo numa região tem a obrigação de estar atenta e cobrar as obrigações das outras, pois o turismo precisa de muitas delas para funcionar, em compensação fomenta muitas outras atividades, incrementa a economia dos lugares, e estimula a formação e o crescimento cultural dos povos. Mas o governo brasileiro tem explorado o turismo como empresa, a exemplo da EMBRATUR, prejudicando e dificultando o desenvolvimento do turismo interno. A Setur tem a obrigação de ajudar os municípios com potencial turístico a organizar a atividade, não explorá-la! O interesse da Secretaria está voltado para os resorts e os cruzeiros, negócios milionários feitos com seus parceiros operadores, que fomentam também as viagens ao exterior, prejudicando sensivelmente os atrativos internos, como Salvador.

Itaparica foi completamente abandonada pela Secretaria, que nem o passeio de escuna da Baía de Todos os Santos foi capaz de atualizar. As companhias de barco precisam de incentivo para modernizar a frota; o Terminal Turístico do Comércio é uma vergonha, sujo, desestruturado e incômodo; o pier precisou da intervenção de outra secretaria para ser concluído; o serviço de praia na Ilha dos Frades está caótico pela retirada das barracas; e até hoje o governo da Bahia não foi capaz de designar e estruturar um lugar para curtir uma das praias de águas mornas e tranqüilas da ilha.

Manque Seco é outro absurdo! Nem acesso para carros comuns tem! Não tem um posto de saúde, salva vidas, coleta e tratamento de lixo, um pier estruturado, incentivo e formação para bugueiros, nem aproveitamento do potencial do turismo ecológico. Nem escola a partir do 5º ano tem! Para chegar a Mangue Seco os carros que saem de Salvador ou Praia do Forte tem que entrar no estado de Sergipe, e são barrados na divisa, onde a Polícia Militar de Sergipe cobra um documento que não existe para vans, segundo informações da ANTT, dando lugar a práticas vergonhosas para o turismo. Entretanto, a famigerada AGERBA, que absurdamente controla coisas díspares na Bahia, cobra caro de vans, micros e ônibus para conceder licenças para circular no estado da Bahia, dificultando e desestimulando os investimentos em passeios turísticos que ajudaria a desenvolver lugares como Mangue Seco. Os transportadores e as agências de receptivo não recebem os mesmos incentivos que operadoras e resorts.

Salvador precisa ter o controle de seu turismo! É preciso que se cobre dos candidatos à Prefeitura e à Câmara conhecimentos, um plano, e responsabilidade com esta atividade que é importantíssima para o município. Precisa de uma secretaria de turismo ocupada por um técnico, com poderes de governo, que se responsabilize pela condução do turismo, que interaja com os municípios do entorno, principalmente do Recôncavo Baiano que tem potencial gigantesco e desperdiçado, e desenvolva a atividade para o bem comum da região. Se bem conduzido o turismo poderá alavancar de vez o desenvolvimento econômico e sócio cultural de Salvador. É só a Setur deixar!



quinta-feira, 7 de julho de 2011

Acorda, Salvador!


Por Cynara Menezes
23 de abril de 2011 às 10:00h


Com um prefeito mal avaliado e cheia de problemas, a capital baiana perde para Fortaleza o posto de cidade mais visitada por turistas. Por Cynara Menezes. Foto: André Fernandes

Primeira capital brasileira, porta de entrada do Nordeste, aos 462 anos Salvador está ficando para trás. Literalmente. Com um dos prefeitos mais mal avaliados do País, João Henrique Carneiro, do PP, a cidade da Bahia acaba de ser ultrapassada por Fortaleza, no Ceará, que se tornou a mais visitada pelos turistas nacionais. A informação integra uma pesquisa mundial publicada em março pelo site Hoteis.com, a partir do número de reservas em hotéis e pousadas. Ao que tudo indica, as praias e o centro histórico foram trocados não só por outros destinos na região como por localidades mais aprazíveis no interior do próprio estado.

Além da segurança e da limpeza urbana, preocupações constantes em Salvador, três temas fazem os tranquilos baianos esquentarem a cabeça ultimamente: a sujeira e desorganização da orla marítima, o abandono do centro histórico e o trânsito. Como se fosse pouco, o prefeito teve as contas de 2009 rejeitadas pelo Tribunal de Contas do Município, com quem trava uma disputa judicial. No início do mês, o prefeito conseguiu uma liminar para anular o parecer do TCM, que o acusa de uma série de irregularidades lesivas aos cofres públicos. Se as contas forem mesmo recusadas, ele se tornará inelegível por oito anos.

Não é, porém, o único imbróglio jurídico a envolver João Henrique. Há exatamente um ano, por determinação judicial, todas as barracas de praia da orla de Salvador foram derrubadas e nada foi posto no lugar. O resultado é que os antigos barraqueiros passaram a ocupar a beira-mar com cadeiras e mesas plásticas em frangalhos, que devem ser colocadas e retiradas diariamente, por ordem da prefeitura. Não existem mais duchas e banheiros públicos nas praias.

“Virou uma favela”, reconhece o proprietário de uma das mais antigas barracas da orla, na Praia de Piatã, Nadson Araújo. Há 18 anos, Araújo possuía a maior barraca do pedaço, a Malibu, agora reduzida a dois isopores grandes com cerveja, refrigerante e água de coco. “É para minha família não morrer de fome que me submeto a essa humilhação de ficar tirando e botando cadeira e mesa todo dia”, diz o barraqueiro. “Pagamos financiamento por meio de um banco público, o Desenbanco, para levantar as barracas, em 1985. Não entendo como só depois descobriram que a areia é tombada”, reclama José de Lima Praxedes, outro proprietário.

A última revitalização da orla marítima de Salvador foi feita em 1985, durante o governo João Durval Carneiro, pai do atual prefeito, João Henrique, que em 2007 trocou o PDT pelo PMDB e depois pelo PP. Em 2006, o prefeito anunciou sua intenção de intervir mais uma vez na orla, modernizando as barracas. O novo projeto para a orla foi apresentado à cidade em janeiro do ano passado, mas, antes que pudesse ser iniciado, em abril, uma ação do Ministério Público Federal determinou que todas as barracas teriam de ser retiradas da areia. A prefeitura exime-se da responsabilidade por, após um ano, a situação continuar a mesma.

“Isso depende da Justiça, a prefeitura não pode fazer nada”, afirma o secretário de Desenvolvimento Urbano, Meio Ambiente e Habitação de Salvador, Paulo Damasceno. “A única coisa que podemos fazer é fiscalizar para que os barraqueiros tirem as mesas e cadeiras todos os dias.” Na cidade, muita gente concorda que as barracas antigas não tinham mais condições de funcionamento, sujas e deterioradas pelo tempo. Mas, sem elas, ficou pior e, mais grave, não existe solução à vista.

Outro cartão-postal de Salvador, o centro histórico também virou um espanta-turistas. Com algumas ruas do entorno do Pelourinho tomadas por usuários de crack, a região é evitada até mesmo por moradores da capital. Os lojistas reclamam de uma queda de mais de 70% do movimento nos últimos três anos. “De dia ainda vêm algumas pessoas. De noite, todo mundo some”, diz o americano Pardal Roberts, há seis anos proprietário- de uma loja de música no Pelourinho. “Se tiver show, os turistas e o pessoal daqui vão à praça onde estiver acontecendo e depois vão embora. Nos próprios hotéis eles já ouvem o conselho de evitar o Pelourinho, dizem que é perigoso.”

Integrantes da prefeitura, do governo e representantes dos lojistas dizem que o Pelourinho “pegou fama” de local inseguro, onde proliferariam gatunos à espera de uma distração para roubar objetos como câmeras, correntes e relógios. O coronel José Nascimento, responsável pelo policiamento do centro histórico, é elogiado por não dar expediente no gabinete, e, sim, zelar pessoalmente pela segurança dos turistas. “A senhora está há duas horas aqui. Viu alguém ser assaltado?”, pergunta o coronel diante da Igreja de São Francisco, no Terreiro de Jesus. Eram 5 da tarde. Quando a noite cai no Pelourinho, todo mundo sabe, começa o assédio de pedintes aos turistas e as aparições das figuras esquálidas dos viciados em crack, dispostos a tudo.

Segundo o presidente da Associação dos Comerciantes do Centro Histórico (Acopelô), Lenner Cunha, mais de 200 lojas fecharam na região nos últimos sete anos. Cunha se mostra saudoso da época do falecido governador Antonio Carlos Magalhães, quando havia o projeto “Pelourinho Dia e Noite” e o centro histórico vivia seu auge. “Hoje, o governo não tem diagnóstico para a área e a prefeitura vive uma inércia reconhecida por todos”, critica o comerciante. “A Secretaria Estadual de Cultura dá informações imprecisas à Unesco, de que ACM ‘botou todo mundo pra fora’. Mesmo que ele tenha errado, tem de se ver as benesses que houve desde a revitalização.”

O Instituto de Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac), por sua vez, acusa os comerciantes da área de não pagarem pela ocupação dos imóveis desde o início, totalizando uma dívida de quase 8 milhões de reais para com o estado. Nessa queda de braço, a voz mais sensata parece ser a da coordenadora do setor cultural da Unesco no Brasil, Jurema Machado, que atua em conjunto ao governo na busca de uma solução para o centro antigo de Salvador, que compreende não só o Pelourinho. “Não vou demonizar o que foi feito no passado, porque houve o salvamento de uma situação física grave. Mas houve -uma -estratégia de uso incompleta. Não tem gente no Pelourinho porque ele é artificial.”

Jurema Machado compara a revitalização do centro histórico baiano com outras experiências mais bem-sucedidas em capitais da Europa, em que não se visou apenas o turismo, mas o caráter de normalidade das regiões, com moradores inclusive. No Pelourinho, só existe comércio, e mesmo os soteropolitanos não o frequentam no dia a dia, o que seria o ideal. “O morador de Salvador não vai ao Pelourinho para nada. É preciso haver uma estratégia de uso que envolva os setores público e privado. O governo é proprietário de centenas de imóveis na região, alugados exclusivamente para uso comercial e de serviços, o que não confere vitalidade à região”, diz a representante da Unesco. Os comerciantes, a propósito, são contrários à ideia de atrair moradores para o centro antigo.

Você que levou poucos minutos de leitura para chegar da orla ao Pelourinho nesta reportagem, na vida real gastaria ao menos duas horas no trânsito caótico de Salvador para fazer idêntico percurso. Com o tempo recorde de 12 anos sem concluir, o metrô da capital estimula as piadas sobre a célebre lentidão baiana. Atualmente sob fiscalização do Exército, a prefeitura promete concluir o primeiro trecho do metrô, de apenas 7 quilômetros, no fim deste ano. O segundo, garante a prefeitura, será entregue aos soteropolitanos até o fim do mandato de João Henrique, em 2012. No total, o metrô de Salvador terá parcos 12 quilômetros, absolutamente insuficientes, sob qualquer perspectiva, para desafogar o tráfego na capital.

Especialistas questionam ainda o traçado do metrô, que ligará o subúrbio ao terminal da Lapa, trecho onde não há grande fluxo de automóveis. “O metrô vai ligar o nada a lugar nenhum. Não retira carro da rua porque passa por locais onde não tem carro”, desdenha a socióloga Maria Brandão, secretária de Planejamento na administração Lídice da Matta (1992-1996), hoje senadora, de quem também é crítica. “Ninguém até hoje fez uma análise de fluxo em Salvador, o que se tem é uma visão tópica. Resolver o tráfego não é só uma questão de mecânica de cir-culação, de se planejar em cima da planta”, defende a socióloga. “É preciso observar também as questões socioculturais.”

O secretário de Transportes de Salvador, José Mattos, reconhece que o metrô servirá apenas para dar uma “amenizada” no trânsito, mas promete que, até a Copa de 2014, outras soluções serão implementadas. “Em 60 dias apresentaremos projetos para receber recursos do PAC da Mobilidade nas Grandes Cidades”. As ideias vão desde a ampliação de vias à instalação de semáforos “inteligentes” em pontos críticos. A prefeitura decidirá ainda se vai optar pelo modelo de transporte em massa Bus Rapid Transit (BRT) – linhas exclusivas para ônibus – ou Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). Se a obra do metrô for o modelo, Salvador passará mais três Copas do Mundo na lanterninha.